10 out 2023 Fonte: Helpo Temas: Segurança e Soberania Alimentar
Artigo por: Liliana Afonso, nutricionista e gestora de projetos, Helpo.
A alimentação é um fator determinante da saúde, assumindo uma extrema importância no desenvolvimento do ser humano e na manutenção de um estado de vida saudável. É muito mais do que o ato de sentar à mesa e comer, envolvendo diferentes ações, num sistema alimentar, que se inicia com a produção do alimento. Cada vez mais, procura-se desenvolver sistemas alimentares resilientes e sustentáveis que, nas suas diferentes etapas, contribuem para uma melhoria dos padrões de alimentação da população mundial, preservando a saúde quer das pessoas, quer do planeta.
O acesso à alimentação adequada está dependente de vários fatores, e deste modo, não é acessível a toda a população. As Nações Unidas estimam que em 2022, 783 milhões de pessoas enfrentaram fome, consequência de um conjunto de situações, nomeadamente, a pandemia da Covid-19, conflitos armados e alterações climáticas, sendo as mulheres e as crianças as mais vulneráveis. A insegurança alimentar, que pode ser caracterizada pela falta de acesso físico, social e económico a alimentos suficientes, seguros e nutricionalmente adequados, que permitam satisfazer as necessidades nutricionais e as preferências alimentares para uma vida ativa e saudável, tem vindo a aumentar desde 2015 criando barreiras para o desenvolvimento sustentável.
Dados do relatório dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) mostram que em 2022, 45 milhões de crianças menores de 5 anos sofriam de desnutrição aguda (baixo peso para a altura), 148 milhões de atraso no crescimento (altura baixa para a idade) e 37 milhões sofriam de obesidade, um reflexo das desigualdades de acesso a uma alimentação saudável e segura.
São necessárias ações coordenadas para prevenir as formas de malnutrição, envolvendo diferentes setores, passando por assegurar o acesso a cuidados de saúde, higiene e saneamento, promoção de ambientes saudáveis, promoção do aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses, acesso a alimentação saudável e segura em meio escolar, acesso à água potável, entre outros.
Anualmente, a 16 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, data criada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1945, com o objetivo de criar reflexão para a importância da alimentação, com base em quatro pilares: melhor nutrição, melhor produção, melhor ambiente e melhor qualidade de vida. “Água é vida, água é alimento. Não deixar ninguém para trás”, é o tema escolhido para celebrar o dia da alimentação em 2023, dando ênfase à necessidade da água para a manutenção da saúde corporal, produção de alimentos e à sua gestão, enquanto recurso finito.
O rápido crescimento da população, a urbanização, as alterações climáticas e o desenvolvimento económico são fatores apontados pela FAO que condicionam o acesso à água potável de 2,4 milhões de pessoas, afetando essencialmente, pequenos agricultores, mulheres, migrantes e refugiados.
A forma como a água é usada diariamente deve ser repensada, pois, esta não deve ser considerada um recurso garantido, devendo existir consciência de que o nosso consumo e a forma como os alimentos são produzidos afetam a sua disponibilidade. Reduzir o desperdício alimentar, optar por uma alimentação sazonal e local, escolher alimentos frescos são meios para a proteção da água, como recurso essencial para a vida.
Deste modo, o trabalho em prol da alimentação e da melhoria do seu acesso pela população mundial é um trabalho que deve ser realizado por todos, pois só o esforço conjunto é que irá trazer mudanças.
A Helpo é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento, nascida em 2007, com intervenção em Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal, operando numa lógica de cooperação e colaboração com as instituições locais, para o cumprimento dos ODS, nomeadamente nas áreas ligadas à Educação, Nutrição, Saúde Materno-Infantil, Ajuda Humanitária e de Emergência e Educação para o Desenvolvimento e Cidadania Global.
Desde 2008 que a Helpo atua em Moçambique e em São Tomé e Príncipe desde 2012, com experiência na implementação de programas de apoio continuado, desenvolvimento comunitário, educação e assistência em saúde, educação alimentar e nutricional, higiene e segurança alimentar, tendo como grupos-alvo as populações mais vulneráveis, nomeadamente mulheres em idade fértil, grávidas e lactantes, crianças menores de 5 anos e adolescentes.
Todos os projetos são desenvolvidos em cooperação com outros atores, como parceiros locais, entidades governamentais e outras organizações internacionais, com vista a criar continuidade e sustentabilidade.
Em Moçambique destaca-se a participação da Helpo em projetos de segurança alimentar, nutrição, alimentação escolar e ajuda humanitária, em Nampula, Ilha de Moçambique, Cabo Delgado e Região do Dombe e em São Tomé e Príncipe, a Helpo tem projetos de nutrição materno-infantil e alimentação escolar através da implantação de hortas e produção de suínos, com presença a nível nacional.
Os projetos da Helpo desenvolvidos junto da comunidade, através de ações participativas, contribuem para a mitigação das problemáticas da nutrição e para a melhoria do estado nutricional das populações. E tal como o lema do Dia Mundial da Alimentação menciona, sem deixar ninguém para trás.