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01 fev 2021 Fonte: Oxfam Temas: Pobreza e Desigualdades

A crise provocada pela Covid-19 tem o potencial de aumentar a desigualdade em quase todos os países do mundo, conclui o relatório “The Inequality Virus”, lançado no passado dia 25 de janeiro pela Oxfam International. Se no início da crise pandémica proliferavam os discursos e considerações sobre o facto de o vírus ser “democrático” e infetar sem olhar a classe, género, ou raça, depressa nos tornámos conscientes de que o impacto da pandemia afeta de formas diferentes pessoas que viviam já em situação de elevada vulnerabilidade. O relatório da Oxfam demonstra este impacto da crise nas desigualdades de forma muito concreta: no meio da pior recessão desde a Grande Depressão, os dez homens mais ricos do mundo viram a sua fortuna combinada aumentar em meio bilião de doláres – o suficiente para pagar vacinas para todos/as, e assegurar que ninguém seria empurrado para a pobreza pela pandemia. Ao mesmo tempo, centenas de milhares de pessoas encontram-se sem trabalho ou desempregadas, naquela que é a pior crise de desemprego dos últimos 90 anos.

As mulheres são, mais uma vez, atingidas desproporcionalmente, pois estão sobre-representadas nos empregos precários de baixa remuneração, os mais afetados. Além disso, representam 70% da força de trabalho global de saúde e assistência social, trabalhos essenciais, mas que as colocam em maior risco de contágio.

O relatório demonstra de forma clara que as desigualdades estão a custar vidas: as pessoas afrodescendentes no Brasil têm 40% mais probabilidade de morrer de covid-19 do que as pessoas brancas; nos Estados Unidos, se as taxas de mortalidade fossem as mesmas que as registadas na população branca, quase 22 mil pessoas negras e hispânicas ainda estariam vivas. As taxas de infeção e mortalidade são mais altas nas regiões mais pobres em países como França, Índia, Espanha e Inglaterra.

A Oxfam defende que as economias justas são a chave para uma recuperação rápida, lembrando que um imposto temporário sobre os lucros das 32 empresas globais que mais ganharam durante a pandemia, poderia ter providenciados verbas necessárias para garantir apoios para todas as crianças e idosos/as em países de baixo e médio rendimento, e subsídios de desemprego para todos/as os/as trabalhadores/as.

A crise pandémica expôs a nossa fragilidade coletiva e demonstrou a incapacidade de um sistema económico profundamente desigual, em atender às necessidades de todos/as. Mas demonstrou também a importância da ação governamental na proteção da saúde e da subsistência de todos/as. Gabriela Bucher, Diretora Executiva da Oxfam International, deixou neste sentido um apelo: “A luta contra as desigualdades tem de estar no centro dos esforços de recuperação. Os Governos têm de garantir o acesso de todos/as à vacina e a apoio financeiro no caso de desemprego. Devem investir em serviços públicos e setores de baixo carbono para criar emprego e garantir que todos/as têm acesso à educação, saúde e assistência social, e garantir que as pessoas e as empresas mais ricas contribuem com a sua quota-parte de impostos para tornar isto possível.”

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