Num momento em que o mundo enfrenta crises interligadas — políticas, sociais, económicas e ambientais — assistimos ao enfraquecimento da solidariedade internacional e à desvalorização do multilateralismo. O desinvestimento na Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD), com a reorientação de fundos para áreas como a defesa e o controlo de fronteiras, reflete uma inversão grave de prioridades e compromete a capacidade coletiva de responder com justiça e eficácia aos desafios globais. A pobreza, as desigualdades, as migrações forçadas e a crise climática expõem as falhas de um sistema internacional que precisa de ser urgentemente transformado.
A 4.ª Conferência Internacional de Financiamento para o Desenvolvimento, realizada em julho de 2025, em Sevilha, marcou um momento-chave de debate político e mobilização global. Agora, é tempo de olhar para os compromissos assumidos — e para os que ficaram por assumir — e de reforçar a pressão para que os governos e instituições internacionais coloquem a justiça global no centro das suas decisões. A transformação do sistema de cooperação internacional não pode continuar a ser adiada. É urgente garantir que os recursos financeiros globais estão efetivamente ao serviço das pessoas, do planeta e do bem comum.
Neste contexto, diversas organizações da sociedade civil juntam-se num manifesto, promovido pela Plataforma Portuguesa das ONGD, que apela a uma mudança de rumo. O manifesto está aberto à subscrição de todas as entidades da sociedade civil que queiram somar forças em defesa de uma cooperação internacional justa, eficaz e centrada nos direitos humanos.