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08 mar 2023 Fonte: Vários Temas: Pobreza e Desigualdades

Artigo por: Beatriz Braga, ADRA Portugal

No dia 20 de fevereiro assinalou-se, pelo 15º ano consecutivo, o Dia Mundial da Justiça Social. Neste dia, por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, é-nos recordado que é impossível atingir a Justiça Social enquanto não for garantida a paz e segurança, e o respeito pelos Direitos Humanos e pelas liberdades fundamentais não forem respeitadas. O que já foi feito, e o que falta para lá chegar? 

A Justiça Social surge na sociedade ocidentalizada como um pilar basilar tanto da vida coletiva como individual, e reveste-se de maior importância quando nos propomos a trabalhar para um Desenvolvimento sustentável e equitativo. Desde que, pela primeira vez na história (539 a.C.), ficou registado num cilindro de argila a preocupação de um governante com os direitos básicos da vida humana, que muitos têm sido os avanços e retrocessos para a conquista de sociedades mais justas e pacíficas. No entanto, as dinâmicas de poder ainda não se encontram afinadas e prontas para fazer face à diversidade Humana, sendo estas geradoras de desigualdades, seja no acesso a bens básicos (alimentação, água, habitação) ou a serviços que garantam a melhoria das condições de vida das populações (educação, emprego, recursos). 

Olhar para a Justiça Social como um percurso inacabado, na perspetiva das ONGD, é essencial. Questionar as ações do passado, olhar de forma crítica e interligada com os desafios que o mundo enfrenta, é indispensável no trabalho realizado, em particular nas relações de poder que são promovidas, tornando-as justas, prevenindo e combatendo a discriminação.

Foi neste sentido que foi lançado o estudo “A urgência de ler o mundo: Justiça Social”, elaborado pela equipa de investigadoras da A3S,  e que nos conduz num percurso imersivo pelo complexo tema da Justiça Social. Este convida-nos a refletir nas nossas realidades pré-concebidas, leva-nos a lugares de desconforto e convida-nos a exercer uma cidadania global mais ativa, crítica e inclusiva. O estudo convida a quem o lê a explorar mais, a desafiar-se nas formas como encara o mundo em que vive, e a medir, sobre o olhar do nosso Barómetro as formas de Sentir, Pensar, Poder, Ser e Agir. 

O processo de elaboração deste estudo ensinou que não é fácil falar de Justiça Social para uma audiência alargada. São muitas as palavras difíceis, pouco apelativas e que não criam “buzz”. Está repleto de exemplos desconfortáveis, tanto ao nível individual como coletivo, questionando atitudes e pensamentos que aplicamos no trabalho, nas organizações e no quotidiano. São questionadas as desigualdades incorporadas na organização política e económica do nosso mundo social, que é invisível para quem detém o poder e o privilégio, mas extremamente violento para quem é oprimido por este.

É o que esta leitura propõe: uma reconstrução de pensamentos e ações mecânicos. Através de propostas de reflexão individuais, dilemas éticos, exercícios de posicionamento, propostas de desconstrução de uma matriz que tem, ao longo dos anos, perpetuado relações de desigualdade de poder entre os países e sociedades, é deixado o convite para “recalibrar o nosso ‘compasso vital’ no sentido de uma maior justiça social”. Tudo isto é feito à luz da lente da Educação para o Desenvolvimento e Cidadania Global (EDCG), que afirma a necessidade de pensar criticamente, rejeitando que qualquer ser humano possa ser neutro quanto aos seus valores. 

Numa parceria de 8 ONGD (ADRA Portugal, AIDGLOBAL – Acção e Integração para o Desenvolvimento Global, Par – Respostas Sociais, Fundação Cidade de Lisboa, FGS I Fundação Gonçalo da Silveira, IMVF, Mundo A Sorrir e Rosto Solidário), movidas pel’A urgência de ler o mundo, o projeto ED-Comunicar: do conhecimento à mobilização, disponibiliza uma série de recursos que vão além do estudo, consciencializando a sociedade portuguesa para a necessidade de cada um e cada uma de nós sermos agentes ativos de mudança para a concretização de um mundo mais justo e equitativo. 
 

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