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11 jul 2024 Fonte: Cáritas Portuguesa Temas: Ajuda Humanitária e de Emergência

Por Rita Valadas, Presidente da Cáritas Portuguesa

 

Vivemos tempos desafiantes, incertos, inseguros e de grandes ambivalências, onde as ameaças encontram terreno fértil. Onde ontem havia uma certeza, nasce hoje um conflito, uma guerra ou uma preocupação.

Os sonhos convivem com catástrofes naturais de origem humana e climática. Os conflitos armados e as guerras partilham o espaço com secas, sismos, tsunamis e furacões. As pessoas fogem das guerras e o Mundo consome-se em desafios, fogem de emergências humanitárias, de situações de crise que ameaçam a saúde, segurança e bem-estar das pessoas. Estes movimentos podem ser causados por desastres naturais, conflitos, pandemias, entre outros fatores, e exigem respostas rápidas.

A pandemia de COVID-19, que começou em 2020, é um importantíssimo exemplo, revelou muitas fragilidades no sistema de resposta a emergências em Portugal. A pandemia teve um impacto significativo na população, agravando desigualdades sociais, pressionando os serviços de saúde e causando uma crise económica. A falta de meios de resposta, como equipamentos de proteção individual (EPI) e ventiladores, foi um problema inicial. Além disso, a falta de conhecimento sobre o vírus e suas implicações complicou a resposta. Informações conflitantes geraram confusão, destacando a necessidade de sistemas de comunicação mais eficazes e uma infraestrutura de saúde pública mais resiliente. A pandemia foi de facto um teste de prontidão e resiliência e chamou-nos a atenção para novos trunfos para agir, novos instrumentos para intervir e nos skills necessários.

Desafios na Resposta a Emergências Humanitárias

Responder a emergências humanitárias na área social enfrenta vários desafios. Em Portugal e em muitos outros países, a falta de recursos financeiros, materiais e humanos é um problema constante. Muitas vezes, as emergências surgem de forma súbita e exigem uma resposta imediata, mas os recursos disponíveis são limitados. Um dos maiores desafios é a falta de conhecimento preciso sobre a realidade das crises, sobretudo quando se sobrepõem inesperadamente. Esta falta de dados impede uma alocação eficiente de recursos e a implementação de medidas eficazes.

Entender os fatores que contribuem para as crises é essencial para uma resposta eficaz. Muitas crises sociais são agravadas por desigualdades, pobreza e exclusão social. Sem abordar essas causas profundas, as respostas tendem a ser paliativas, em vez de preventivas. A existência de muitas plataformas de resposta e coordenação pode levar a redundâncias e ineficiências. A falta de integração entre diferentes sistemas e organizações pode resultar em esforços duplicados ou em lacunas na resposta. Apesar dos desafios, várias soluções e abordagens têm sido implementadas para mitigar os efeitos de emergências humanitárias na área social:

  • A criação de redes interorganizacionais é fundamental para abordar as consequências sociais das crises. Essas redes permitem a coordenação, otimização de recursos e implementação de estratégias comuns.
  • A partilha de resultados e a transparência são fundamentais para melhorar as respostas a emergências.

Em tempos de COVID-19, a Cáritas desempenhou um papel importante na resposta a necessidades humanitárias na proximidade, combinando assistência imediata com iniciativas de mais longo prazo, nomeadamente a partir de campanhas. A possibilidade de mobilizar recursos e oferecer ajuda “quase imediata” permitiu garantir o apoio necessário quase imediato, nomeadamente com o desenvolvimento de um Programa de apoio a rede.

Emergências humanitárias na área social representam um desafio complexo que exige respostas coordenadas e eficazes. A pandemia de COVID-19 destacou as fragilidades dos sistemas de resposta, mas também incentivou a inovação e a colaboração global. Em Portugal e no mundo, a criação de redes interorganizacionais, a partilha de conhecimentos e a solidariedade internacional são fundamentais para enfrentar esses desafios.

Através de políticas robustas, investimentos em capacitação e uma abordagem centrada nas necessidades das populações afetadas, é possível mitigar os impactos das crises e construir uma sociedade mais resiliente e solidária. O futuro das emergências humanitárias na área social dependerá da nossa capacidade coletiva de aprender com as crises passadas e melhorar continuamente as nossas respostas.

A Cáritas Portuguesa faz parte da Caritas Internationalis o que lhe permite trabalhar em conjunto com outras organizações da Rede para responder a emergências e desenvolver projetos de longo prazo, nomeadamente nas áreas da “Advocacia”, campanhas globais para a promoção da justiça social e dos direitos humanos e ainda desenvolver programas de apoio específicos para refugiados e migrantes e outros grupos vulneráveis. Em tempos de Crise, esta “capilaridade” e este “estar perto e longe” é um “dom”.

Acompanhe o nosso Trabalho.

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