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23 jun 2025 Fonte: Plataforma Portuguesa das ONGD Temas: Advocacia Social e Política, Ajuda Pública ao Desenvolvimento, Alterações climáticas e ambiente, Cooperação para o Desenvolvimento, Direitos Humanos, Economia solidária / alternativa / Microcrédito, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Pobreza e Desigualdades, Sociedade Civil, Agenda 2030, Financiamento para o Desenvolvimento

Créditos imagem: IMF Media Center

 

Milhões de pessoas em todo o mundo vivem hoje presas à armadilha da dívida, às desigualdades e à crise climática. Enquanto os lucros de uma minoria aumentam, comunidades inteiras são forçadas a escolher entre pagar dívidas ou investir em saúde ou educação. São escolhas que nenhum país deveria ter de fazer – entre escolas e hospitais, entre proteger a vida ou cumprir com juros impagáveis. Esta realidade não existe por acaso, é o reflexo de um sistema económico global profundamente injusto, que favorece os mais poderosos e perpetua o desequilíbrio entre o Norte e o Sul. E é precisamente contra essa lógica de exploração e silenciamento que se ergue um novo apelo global. 

Inspirado no espírito do Jubileu – a prática ancestral de libertação da dívida e redistribuição da riqueza – um movimento liderado pelo Sul Global juntou-se para dizer basta. Redes da sociedade civil, sindicatos, movimentos feministas, ativistas pelo clima e pela justiça económica, académicos e líderes comunitários uniram forças para lançar uma declaração sobre a urgência de cancelar a dívida e mudar o sistema. A declaração foi assinada por 1013 organizações da sociedade civil, de 114 países, incluindo a Plataforma Portuguesa das ONGD. Afirmam que não é possível falar de desenvolvimento sustentável enquanto um em cada três países vive sob o peso de uma crise de dívida. Não é possível combater as alterações climáticas enquanto os países mais afetados continuam amarrados a compromissos financeiros que impedem qualquer investimento em adaptação, transição energética ou proteção social. Não é possível construir um futuro comum quando a arquitetura financeira internacional exclui e pune quem menos tem. 

Este é um apelo que junta vozes de todos os continentes, e que coloca a justiça no centro da solução: justiça para os países endividados, justiça para as comunidades afetadas pela crise climática, justiça para as gerações que herdam um planeta exausto e um sistema económico quebrado. Exige-se o cancelamento das dívidas ilegítimas e impagáveis. Pede-se o fim da dependência financeira, da exploração de recursos e decisões tomadas longe de quem sofre as consequências. Propõe-se uma nova arquitetura financeira internacional, democrática e transparente, construída no quadro das Nações Unidas e orientada para o bem comum. 

Este movimento não se limita a resistir – propõe caminhos concretos. Defende a tributação justa das grandes fortunas e das multinacionais, a eliminação dos paraísos fiscais, o financiamento adequado dos serviços públicos e o apoio à transição ecológica justa. Sabe que a dívida não é apenas económica: há também uma dívida histórica, ecológica e social que os países mais ricos têm para com os povos do Sul. E sabe, sobretudo, que a mudança não virá de cima – virá da pressão articulada de milhões de pessoas que se recusam a aceitar que a injustiça seja o preço a pagar por um sistema em colapso. 

O ano de 2025, com momentos internacionais decisivos – como a 4ª Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento em Sevilha, a Cimeira Social em Doha ou a COP30 em Belém – pode marcar uma viragem. Mas só se a voz da sociedade civil for ouvida. Esta declaração constitui esse apelo coletivo, um compromisso assumido por uma aliança global por justiça económica e climática. 

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