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04 jan 2019 Fonte: Radi-Aid Temas: Comunicação, Sociedade Civil

A Radi-Aid, em colaboração com a Universidade de East Anglia no Reino Unido, lançou recentemente um estudo no qual dá voz a pessoas de países africanos recetores de Ajuda Pública ao Desenvolvimento sobre as campanhas de comunicação realizadas pelo setor do Desenvolvimento.

As conclusões gerais do estudo apontam para a necessidade de uma comunicação mais respeitadora e preservadora da dignidade humana das pessoas que retrata, e que as represente de forma mais inclusiva, com maior diversidade etária e racial.

O estudo reflete a perspetiva e perceção de 74 pessoas em seis países da África Subsaariana, na Etiópia, Gana, Malawi, África do Sul, Uganda e Zâmbia, sobre as campanhas de comunicação de ONGD internacionais e outras organizações de desenvolvimento. Entre as campanhas de comunicação analisadas contam-se as desenvolvidas por organizações como a Amnistia Internacional, Care International, Cordaid, The Disasters Emergency Committee, Dubai Cares, Oxfam, Save the Children, Unicef e War Child.

Dando a oportunidade de ouvir a voz das pessoas nos países africanos recetores de Ajuda Pública ao Desenvolvimento sobre as mensagens e imagens que compõe o retrato que é feito do seu continente, o estudo alerta as ONG para a necessidade de contrariarem a perspetiva única de estigmatização da pobreza e foco nos problemas e de demonstrarem também os resultados positivos dos programas de desenvolvimento.

Com esta publicação, a Radi-Aid reafirma a necessidade das ONGD repensarem a imagem de África que comunicam, a qual é frequentemente desvalorizadora e desumanizadora.

O retrato frequente de África como um continente frágil e em constante situação de necessidade é um dos problemas identificados pelos entrevistados, que consideram que a comunicação deveria retratar também a capacidade de iniciativa das pessoas nestes contextos, indo para além da história única que tem vindo a contar.

O Código de Conduta da Plataforma Portuguesa das ONGD aborda também algumas destas questões no capítulo sobre a Comunicação, onde está patente que a comunicação das associadas deve reger-se por princípios essenciais de reconhecimento da necessidade de promover a Justiça Social e Solidariedade, respeito pela dignidade das pessoas envolvidas, e igualdade de todas as pessoas. Entre outros pontos, o documento alerta para a questão da dignidade e da representação, para a necessidade de evitar imagens e mensagens que potenciem estereótipos e sensacionalismo, e para a importância de garantir àqueles cuja situação está a ser representada, uma oportunidade de comunicar.

Sendo que a comunicação neste setor deve ser vista como um instrumento de transformação social central à atuação das ONGD, é essencial pensá-la e trabalhá-la no sentido de representar verdadeiramente as situações e as pessoas, preservando a dignidade das mesmas e contribuindo para uma maior compreensão pública sobre as realidades e multidimensionalidade do Desenvolvimento Sustentável.

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