30 abr 2025 Fonte: ONGD VIDA Temas: Saúde, Direitos Humanos, Cooperação para o Desenvolvimento

O Dia Mundial da Saúde, celebrado a 7 de abril e instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1950, pretende sensibilizar para a importância do acesso universal a cuidados de saúde de qualidade, reconhecendo a saúde enquanto direito humano fundamental. São ainda muito evidentes as desigualdades no acesso à saúde, considerando que, em 2021, mais de metade da população mundial (cerca de 4,5 mil milhões de pessoas) não tinha acesso a cuidados de saúde básicos (Conselho da OMS).
Pela sua importância indiscutível no desenvolvimento integral de qualquer sociedade ou país, a saúde é uma das áreas prioritárias da Cooperação para o Desenvolvimento, e tem sido também uma das principais áreas de intervenção da VIDA na Guiné-Bissau, desde o seu início. Ao longo de quase três décadas, a VIDA consolidou conhecimento e experiência na saúde materno-infantil e na saúde comunitária, tendo trabalhado, lado a lado, com técnicos/as de saúde, parteiras tradicionais, agentes de saúde comunitária, associações de mulheres, comunidades, direções regionais de saúde e respetivo ministério, e, em parceria, com parceiros internacionais.
O caminho que se foi construindo e consolidando permitiu chegar, em 2023, à criação da primeira Linha de Saúde 24h na Guiné-Bissau. Este projeto foi pensado, não só a partir da identificação das necessidades estruturais existentes, mas também da experiência concreta da VIDA no seguimento da coordenação do centro de atendimento telefónico para a COVID-19 entre 2020 e 2022 (financiamento do PNUD e do Camões, I.P). Esta experiência bem-sucedida (quer pelo número crescente de chamadas, quer pelo tipo de informação que lhe foram sendo dirigidos) forneceu uma ideia clara sobre o caminho a seguir, mantendo como foco e objetivo o acesso e a proximidade da população aos serviços de saúde, intervindo de forma complementar ao sistema nacional de saúde.
A disponibilização da Linha de Saúde 24h – um serviço telefónico gratuito, disponível 24h por dia, todos os dias – à população permite, em primeiro lugar, uma resposta imediata e profissionalizada em saúde num país com áreas geográficas distintas, contando com o difícil acesso e o isolamento nas várias regiões, bem como a escassez de meios de transporte. Em segundo lugar, é uma solução concreta e viável que contribui para fazer face a algumas das fragilidades do sistema nacional de saúde, como a cobertura universal de saúde, a inexistência de um sistema de referenciação em saúde e a dificuldade na resposta integrada a emergências. Este serviço obriga a uma maior articulação de diferentes entidades e ministérios ligados à saúde, ação social e à proteção civil para providenciar melhores respostas aos seus cidadãos e cidadãs. Para o encaminhamento dos casos que chegam à Linha de Saúde 24h, foi criada uma rede com todas as entidades de suporte, nomeadamente, hospitais regionais e hospitais de referência, polícia da ordem pública, polícia judiciária, polícia marítima e bombeiros e ainda parceiros sociais.
A Linha de Saúde 24h iniciou o atendimento telefónico a toda a população no dia 8 de julho de 2024, através de dois números de rede móvel (1919 ou 2020). Em parceria com o INESC TEC, foi desenvolvido um sistema informático de suporte ao serviço telefónico, tendo em conta todas as características do contexto do país, os desafios técnicos e as necessidades sentidas.
Composta por uma equipa operacional de seis operadores/as, duas médicas, duas enfermeiras e uma psicóloga, a Linha de Saúde 24h assegura, em tempo real, a informação, triagem e encaminhamento dos casos que chegam, contando com 6 âmbitos de apoio à população:
- Serviço de informação, de triagem e de acompanhamento à população em geral para o Sistema de Saúde;
- Apoio a técnicos de saúde e agentes de saúde comunitária em qualquer região do país;
- Seguimento e aconselhamento de pacientes em tratamento para HIV e Tuberculose;
- Reporte de nascimentos e óbitos nas comunidades;
- Encaminhamento de situações urgentes e não médicas junto da proteção civil e/ou polícias (situações de violência, acidentes, derrocadas, incêndios, entre outros);
- Denúncias de extravio ou rutura de stock de medicamentos nas unidades de saúde e atos ilícitos nos serviços públicos.
Desde o seu início e até março de 2025, a Linha de Saúde 24h recebeu um total de 7 262 chamadas, uma média de 806 chamadas mensais, oriundas de todas as regiões do país.
Tendo em conta as situações que diariamente chegam e a resposta positiva e articulada que tem sido prestada pelos diversos parceiros, a Linha de Saúde 24h tem mostrado ser uma aposta segura e necessária no caminho para assegurar a disponibilidade, equidade e proximidade no acesso da população guineense aos cuidados de saúde!