18 abr 2024 Fonte: Plataforma Portuguesa das ONGD Temas: Cooperação para o Desenvolvimento, Direitos Humanos
O Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), publicado no passado dia 13 de março, mostra como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem evoluído de forma desigual. Ao mesmo tempo que, nos países mais ricos, se registam máximos históricos, o IDH de metade dos países mais pobres permanece abaixo dos níveis pré-pandemia. “Romper o impasse: reimaginar a cooperação num mundo polarizado” é o título da edição 2023/2024 do relatório publicado pelas Nações Unidas desde 1990.
Com os países da OCDE a recuperarem para níveis acima dos registados antes da pandemia, uma fatia significativa da população global encontra-se em situação pior da que se verificava em 2019. O agravamento das desigualdades nos últimos anos é, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano, consequência da elevada concentração do poder económico num número limitado de países. Segundo dados publicados pelas Nações Unidas, quase 40% do comércio global está concentrado em 3 países, ao mesmo tempo que o valor de mercado de cada uma das 3 maiores empresas tecnológicas ultrapassa o PIB de mais de 90% dos países.
Estas tendências têm vindo a consolidar-se num contexto de aumento da polarização e de adoção de políticas protecionistas em muitos países. Segundo as Nações Unidas, este tipo de estratégias não é compatível com a magnitude dos desafios globais que enfrentamos, desde as alterações climáticas até à má utilização de tecnologias digitais, passando ainda pelo agravamento de ameaças à paz. Trata-se, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano, de desafios que implicam uma “ação coletiva” de forma a “salvaguardar a segurança humana e avançar no desenvolvimento humano”.
Este é o alerta deixado pelas Nações Unidas, que apontam para a necessidade de investir mais na cooperação como forma de dar resposta aos desafios globais. Segundo o relatório, não é viável reverter o processo de globalização, num contexto marcado pela necessidade de encontrar respostas comuns e num cenário ainda muito marcado pela interdependência económica entre os países. Por isso, o relatório realça também a importância do multilateralismo numa era em que as relações bilaterais entre os países são claramente insuficientes para a garantia do acesso universal a bens públicos globais.