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19 set 2024 Fonte: Plataforma Portuguesa das ONGD Temas: Sociedade Civil

Por Carla Paiva, Presidente da Plataforma Portuguesa das ONGD

Com a velocidade a que nos habituámos a viver, é por vezes complicado encontrar tempo para refletir sobre as respostas aos muitos desafios que temos pela frente. Contudo, perante a imensidão de problemas que enfrentamos atualmente, é fundamental criarmos condições para aprofundar o debate sobre o que queremos construir em conjunto. Esta será a prioridade da nova Direção da Plataforma Portuguesa das ONGD, que tomou posse no passado dia 1 de agosto.

Desde esse momento, tenho tido o privilégio de liderar uma equipa composta por sete ONGD Associadas da Plataforma (Médicos do Mundo, AJAP, Horizontes, HumanitAVE, Ser Mais Valia, ADIRN e ADPM), que, ao longo dos próximos dois anos e meio, procurarão contribuir para a consolidação do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, com um foco especial na promoção da sustentabilidade da Plataforma, das ONGD e do setor. Foi com esse compromisso que assumimos funções, reconhecendo simultaneamente a importância de encontrar novas formas de fortalecer o setor e a capacidade das ONGD. Para isso, teremos obrigatoriamente de criar espaços para refletir, construir, e agir em conjunto, nomeadamente com as nossas ONGD Associadas, mas também em articulação com outras organizações da sociedade civil portuguesa e dos países parceiros, e com instituições públicas.

O contexto em que vivemos atualmente é parte indissociável deste processo. Com efeito, não podemos ignorar o momento que a humanidade atravessa, repleto de desafios que vão desde o agravamento das alterações climáticas ao ressurgimento de tensões geopolíticas que julgávamos ultrapassadas. Tudo isto tem um impacto concreto na vida de todas as pessoas, e os dados mostram isso claramente: o último Relatório de Desenvolvimento Humano publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) releva que as desigualdades entre países estão a aumentar, enquanto o último ponto de situação sobre a implementação da Agenda 2030 mostra que mais de 1/3 das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estagnaram ou registaram um recuo.

A definição de soluções com vista à construção de um mundo mais justo e sustentável depende diretamente da resposta a estes desafios e da nossa capacidade de, enquanto Plataforma composta por um conjunto diverso de mais de 60 ONGD, participarmos ativamente nos processos de discussão e decisão sobre as temáticas mais relevantes para o setor.

Para isso, precisamos de um coletivo forte, capaz de, com base em toda a experiência acumulada durante décadas de trabalho nas áreas da Cooperação para o Desenvolvimento, da Educação para o Desenvolvimento e a Cidadania Global, e da Ação Humanitária e de Emergência, identificar problemas, diagnosticar necessidades e construir soluções que possam ser implementadas. Precisaremos de mobilizar o nosso coletivo para, com base na nossa mobilização, juntarmos cada vez mais vozes aos nossos apelos.

E por isso é tão importante dedicar o tempo necessário a refletir sobre o mundo em que vivemos. Só assim conseguiremos interpretar as causas profundas do agravamento dos indicadores acima referidos, a imposição de cada vez mais barreiras à participação cívica, e as ameaças crescentes à Democracia, ao Estado de Direito e aos Direitos Humanos.

Ao longo dos próximos anos, apostaremos no reforço da atuação da Plataforma em áreas chave para o nosso futuro coletivo. Sabemos da importância da existência de uma Sociedade Civil dinâmica para a vitalidade da Democracia, e é por isso que continuaremos a lutar.

Acompanhe o nosso Trabalho.

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