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08 mar 2022 Fonte: Vários Temas: Igualdade de Género

Assinala-se esta terça-feira, dia 8 de março, o Dia Internacional das Mulheres, um momento para refletir sobre os progressos alcançados na área da Igualdade de Género e procurar soluções para os muitos desafios que ainda enfrentamos.  

O tema escolhido pela ONU para o Dia Internacional das Mulheres 2022 é “Igualdade de género hoje, para um amanhã sustentável", com o objetivo de sensibilizar para o facto de as mulheres sofrerem um impacto desproporcional da crise climática. Este ano, a mensagem é no sentido de reconhecer a contribuição de mulheres e meninas que todos os dias trabalham e lideram a adaptação, mitigação, e resposta às alterações climáticas, e de apelar a uma ação climática “para e por mulheres”.
 

Impactos da crise climática nas mulheres

A crise climática tem e continuará a ter impactos severos e duradouros no meio ambiente e no desenvolvimento económico e social em geral, mas as pessoas que se encontram em situação de maior vulnerabilidade e marginalização sofrem os impactos mais profundos. Esta questão não é, portanto, “neutra” em termos de género, pois a desigualdade de género é amplificada pela crise climática. 

Em todo o mundo, as mulheres dependem mais dos recursos naturais, ao mesmo tempo que têm menos acesso aos mesmos – a maioria das pessoas pobres no mundo são mulheres. Em muitas regiões, elas têm mais responsabilidade em garantir água e alimentos, e, em países de rendimento baixou ou médio, a agricultura é o setor com presença feminina mais significativa. Em períodos de seca ou chuvas irregulares, elas trabalham mais para garantir os recursos necessários à sobrevivência da comunidade ou família. 

Além dos impactos mais diretos, a crise climática é considerada um “multiplicador de ameaças”, o que significa que aumenta as tensões sociais, políticas e económicas em ambientes frágeis e afetados por conflitos – nos quais as mulheres enfrentam mais vulnerabilidades, como a violência baseada no género, casamento infantil, entre outras.
 

Porque é que a igualdade de género é fundamental para a ação climática 

Na sua declaração sobre o Dia Internacional das Mulheres de 2022, Sima Bahous, Diretora Executiva da ONU Mulheres, afirma que “a crise climática é um multiplicador de ameaças. Mas as mulheres, e especialmente as mulheres jovens, são multiplicadoras de soluções”. Para isso, a integração da perspetiva de género nas leis e políticas é fundamental: “Temos a oportunidade de repensar, reestruturar e realocar recursos. Temos a oportunidade de beneficiar da liderança de mulheres e raparigas defensoras do meio ambiente e ativistas do clima para orientar a conservação do nosso planeta. Precisamos do conhecimento, práticas e habilidades intergeracionais das mulheres indígenas.”

Aumentar a liderança das mulheres na economia verde, aumentar a resiliência de mulheres e raparigas aos impactos da crise climática e aumentar o uso de dados sobre igualdade de género e clima são algumas das propostas da “Action Coalition for Feminist Action for Climate Justice”, lançada o ano passado no Gender Equality Forum, e que reúne governos, empresas do setor privado, sistema das Nações Unidas e a sociedade civil.

No impacto das alterações climáticas, como em qualquer outra área - na distribuição dos recursos, na luta contra a violência, no acesso à educação, à saúde, ou à participação política e cívica - as mulheres e raparigas continuam a enfrentar desafios acrescidos, e continuam, tantas vezes, a ser excluídas da solução, quando são parte integrante da mesma.  É cada vez mais evidente a importância da inclusão mais sistemática de uma perspetiva de género em todos os temas e problemáticas, com vista à transformação das normas sociais e estruturas de poder, em prol de um mundo justo para todos e todas.

Citando Sima Bahous “Façamos deste Dia Internacional da Mulher um momento para lembrar que temos as respostas não apenas para o ODS 5, mas, por meio do avanço da igualdade de género, para todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 2030.”
 

Outros temas e visões

Porque os temas associados a esta efeméride são múltiplos e transversais, abaixo encontrará uma breve lista com links para mais declarações e posicionamentos de diversas organizações no âmbito do Dia Internacional das Mulheres 2022.

  • O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, relembrou que “as consecutivas crises dos últimos anos evidenciaram como a liderança das mulheres é mais crucial do que nunca. As mulheres enfrentaram heroicamente a pandemia da covid -19 (…) No entanto, ao mesmo tempo, foram as primeiras a perder os empregos ou a sair da escola, a prestar mais cuidados não remunerados e a enfrentar níveis vertiginosos de abusos domésticos (…). A pandemia evidenciou mais claramente uma verdade antiga: as raízes do patriarcado são profundas. (…) Ao olharmos para o futuro, uma recuperação sustentável e igualitária para todos só é possível se for uma recuperação no feminino – centrada no progresso das meninas e das mulheres. Leia a mensagem de António Guterres para o Dia Internacional das Mulheres 2022 aqui.
     
  • A declaração da Global Call Against Poverty (GCAP), da qual a Plataforma Portuguesa das ONGD é membro, chama também a atenção para os impactos da pandemia na igualdade de género, e para ao facto de a desigualdade no acesso às vacinas entre o norte e o sul global poder afetar desproporcionalmente as mulheres de comunidades marginalizadas. O GCAP expressa ainda preocupação com a guerra na Ucrânia e especialmente com a segurança e sobrevivência de mulheres e meninas na Ucrânia e em todos os países afetados por conflitos. Leia aqui a declaração do GCAP.
     
  • O comunicado de imprensa da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres aborda também a problemática dos “conflitos armados que se arrastam intoleravelmente, como o do Iémen, ou que eclodiram violentamente, como o da Ucrânia, e que agravam drasticamente as condições de vida das mulheres e das crianças.” O comunicado apela ainda ao fim da violência contras as mulheres e à participação das mulheres na tomada de decisão. Leia aqui o comunicado de imprensa da PpDM aqui.
     
  • A Coordinadora de Organizaciones para el Desarrolo publicou no seu site uma página com diversos recursos e conteúdos relativos ao Dia Internacional das Mulheres, incluindo informações sobre o trabalho que tem vindo a desenvolver em prol de uma cooperação feminista que gere mudanças, para garantir a igualdade de género, valorizar as capacidades das mulheres e eliminar qualquer forma de discriminação ou violação de direitos. Fique a conhecer aqui o trabalho da Coordinadora aqui.
     
  • Também em antecipação do Dia Internacional das Mulheres, a Diretora Executiva da Concord Europe, Tanya Cox, publicou um artigo no qual reflete sobre uma abordagem feminista à política externa da UE como forma de romper os atuais desequilíbrios de poder, e abordar as causas estruturais dos problemas que enfrentamos. Leia aqui o artigo de Tanya Cox.

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