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04 jun 2020 Fonte: Plataforma Portuguesa das ONGD Temas: Ajuda Humanitária e de Emergência, Alterações climáticas e ambiente, Cooperação para o Desenvolvimento, Educação para o Desenvolvimento e a Cidadania Global, Pobreza e Desigualdades, Saúde, Agenda 2030

Editorial

Uma crise como a que vivemos, na sequência da pandemia de Covid-19, obriga-nos a refletir sobre o mundo que nos rodeia. À crise sanitária rapidamente se juntou o impacto nos planos social, económico e político. A pandemia mostrou-nos as contradições dos sistemas que nos governam e ameaça aprofundar as fragilidades que marcam partes importantes das sociedades. Perante a incerteza que define o momento atual, a Plataforma Portuguesa das ONGD publica esta edição especial da sua Revista, procurando contribuir para uma reflexão coletiva necessária em torno de algumas dimensões centrais desta problemática.  


Abrimos esta edição com o contributo de Manuel Ennes Ferreira, que nos traz uma reflexão sobre o sistema de cooperação internacional – incluindo os interesses geoestratégicos e económicos que a condicionam – e sobre como esta pandemia evidencia a extrema necessidade de encontrar caminhos geradores de maior equidade global.

De igualdade vem também falar-nos Lonne Poissonnier, cujo artigo se centra no impacto da pandemia no aprofundamento das desigualdades pré-existentes. A coordenadora de política e advocacy na CONCORD Europe defende que a UE e os Estados-Membros devem eleger a luta contra as desigualdades como uma prioridade clara e aborda a forma como a pandemia expôs e exacerbou várias situações, afetando diferentes grupos de pessoas de formas distintas.

Luísa Teotónio Pereira considera que estes são “tempos fascinantes para a Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global (EDCG)”. A autora traz-nos uma abordagem ao papel da EDCG em que defende que é precisamente neste momento de crise – em que se ganhou uma ideia mais concreta das interdependências, fragilidades e prioridades – que a reflexão critica, aberta e solidária pode fazer a diferença.

Sobre o impacto económico da pandemia, a reflexão de Alexandre Abreu deixa pouca margem para dúvidas: os países em desenvolvimento estão já a ser fortemente afetados pela pandemia. Apesar de o professor do ISEG não rejeitar a hipótese de a crise provocar mudanças sistémicas para melhor, esta reflexão é um alerta para o facto de as dificuldades ameaçarem seriamente a subsistência e prosperidade dos países do Sul global.

José Luís Monteiro, Project Officer da Oikos – Cooperação e Desenvolvimento na Oikos, ajuda-nos a compreender o impacto que as questões ambientais tiveram no aparecimento e propagação do SARS CoV 2, deixando uma mensagem clara: precisamos de um “novo normal”, precisamos de vontade política e mudanças de comportamentos para um combate efetivo às alterações climáticas.

Lysa John alerta-nos para o facto de regimes autocráticos espalhados um pouco por todo o mundo estarem a usar as medidas relacionadas com a Covid-19 para limitar a liberdade das pessoas e desrespeitar os direitos humanos por motivos políticos. A secretária-geral da Civicus relembra o papel central da sociedade civil que, além de responder às necessidades humanitárias da população, pode e deve ser um garante de equilíbrio de poderes e denunciar injustiças.

Patricia Magalhães Ferreira traz-nos uma reflexão sobre o impacto da pandemia na concretização dos ODS, defendendo que a Agenda 2030 pode e deve servir de guia na construção das medidas de recuperação económica e social durante e após a pandemia, promovendo assim políticas mais justas e sustentáveis.

Esperamos que esta edição contribua para o debate e compreensão dos impactos da pandemia no desenvolvimento, e que permita encontrar pistas para um caminho conjunto na construção de um mundo melhor.

Acompanhe o nosso Trabalho.

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